sexta-feira, 1 de abril de 2011
(sem título)
Nada mais me é agradável, nem desagradável;
Não tenho paciência, não tenho calma;
nada.
Sei também que não sinto.
Sei que não quero.
Sei que não me encaixo.
e sei que talvez tenha mudado, ou não;
Talvez tenha ficado apenas dificil pra tolerar.
Ou esconder.
E minha vida é sempre esse tema.
Mesmos textos, mesmas poesias, mesmos sentimentos.
Palavras que se repetem porque não se dão por satisfeitas.
Já as expus, já destrocei o que há de mais intrínseco em mim.
Mas elas voltam.
É um ciclo de indiferença
e de falta vontade pra seguir.
Só queria mudar mesmo, nenhum problema em abdicar de mim.
Até mesmo, porque de mim eu não sei;
nada.
.:Larissa Cavadas:.
domingo, 12 de setembro de 2010

A tarde abriu quente
um desgosto
um amargor na pele da gente
aquilo de desfragmentado
que as vezes dá numas tardes nossas
eu escrevo
mas não sei se certo
A insegurança não é mais constante
Tentar é que me despedaça
escrever danifica
não quero o mais simples.
De tardes em tardes os carros falam
o calor desperta cada letra de suor
estou tão afogado em letras que por sobrevivência instintiva, de precisar de ar, abro a boca e engulo as últimas sílabas
Vai ver é isso, nem falar, apenas de sentir já concretizar o não falar
O amor é mudo
simples mesmo é ser concreto
só vibrar em protesto. Lá, parado
sapatos lustrados na calçada rachada.
Esqueço que até mesmo o concreto de tanto querer e não poder
desaba
O mais simples é tão irreal
nas minhas poucas tardes
preciso de tanto
na minha pouca idade
de pretensão basta o sol.
Ainda assim escrevo
a pouca música,
O caos dum outro alguem
um simples mexer de perna que bagunça o outro lado da cama
Escrevo o amor
e suas rimas mais tolas
torpor
dor.
domingo, 25 de abril de 2010
quero um cigarro

E se possível, no estomago.
..::Larissa Cavadas::..
domingo, 11 de abril de 2010
brancocinza

Meio dia. Uma chuva fina começa. O cão nem se dá, por ali fica deitado. Tamborilam telhas de alumínio, curam as pernas do mendigo aleijado. "É chuva seu Elias". "Molhação aqui não" ele disse. É cinza o céu derretendo, os girassóis confusos. Moleques pulam poças d’água.
A terra sua, ou o aroma vem da chuva? Os poros todos protestam juntos em suas pernas nuas. Inspira e expira (o próprio chão). Tanta gente. Nunca gostara do cheiro da chuva, tudo aquilo que fica pra trás, enterrado, emerge até o mais inevitável dos sentidos. A terra sobe ao nariz. Grama, asfalto, carne. Invade.
Ela tinha os cabelos amarrados. Embaixo dum toldo transparente, esperava. Deixava-se molhar na borda. Lentamente os pingos se acumulavam nos pelos do braço. Sentiu as canelas úmidas e sorriu escondido. Só eu vi.
E então, assim mesmo, assim mesmo meio-dia, saiu debaixo da chuva. Largou qualquer coisa que segurava e andou até a curva. Assim que súbito para em frente a um muro.
Levantou a cabeça. De quando as gotas caiam aos olhos, fechava e abria. Muro alto, branco, que encosta a mão, vibra. Brancocinzando as gotas pintavam. Sempre de cima pra baixo, desbotava. Planejam uma revolta, mas ela já sabia.
Um muro que de tão branco fosse, cansasse. Pipocando as cores da rua, explodindo em cada lábio (salivando pensamentos devassos) sorrindo a cada assubio.Um muro que de tão rijo fosse, absorvesse. Sugando os trabalhadores em fila, a estampa dos vestidos de chita. As mocinhas correm as esquinas, mãos na cabeça, gritinhos de carmim.
Estava sim, e o muro, tudo ao redor o mais branco que fosse. Sua mão afundara. Imaginou uma boca se abrindo e o muro a engolia. Ela sempre soube.
Mas não foi, só chovia.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
groafb vsh
Antes chá calado que não
e decorar a casa.
dói;
..::Foda-se::..
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
Ann
de autoria própria
eis que apresentados foram
os limites da minha incapaz existência
raízes atrofiadas para ir
porém, incessantes para ficar
mente lustrando,
como se fosse pouco usada
apenas insuante,
nesse meu cansaço.
corpo que já não produz
o quanto deveria
apenas apodreça,
sem justificativa
sem a menor paciencia.
sem motivo aparente;
..::Larissa Cavadas::..
.
.
.
.
"Só escapando, nesse buraco sem ninguem.
Eu simplesmente, quero ir...
...
Sabe, queria poder pegar meus pensamentos e guardar.
Não quero perder mais nada do que eu penso, sinto, sinto...penso. Esse peso esquecido, como um cancêr não descoberto, está ficando cruel. Só cruel mesmo. Pensei em insuportável. mas insuportável não é. Só queria mesmo...
que passasse.
e
não
passa.
quero tantas coisas, em todos os momentos que na verdade nem sei se é isso mesmo. Acho que sim. Acho que quero todas as outras coisas, pra esquecer que quero essa. Além de tudo, principalmente, queria a ser ignorante. Ignorante na medida do possível para viver, só viver. Sem fazer perguntas ou insunuações. Uma vida livre. Viver por viver. Isso é tão belo. Belos dos ignorantes que sabem; sabem de tudo.
...
que vivam então."
Ann
domingo, 6 de setembro de 2009
Gritos
perdido no inevitável cristalino
reluz em pertubantes gemidos
essa minha imagem relutante
em vista enlameada
minha carcaça padece
imaculadamente real
num ritual sem mesura
perdida num silêncio que anseia
dança ritmadamente
incolor, surda
de fonte as estranhas
explode a cada momento
mas não espera nada
é a inércia, pura e recalcada
O corpo de todo soluça
não canta, só morre
tão inevitavelmente
que o mundo é saciedade
Tantas feridas expostas
caladas e incômodas
sussurram coisas
muito óbvias
.:Larissa Cavadas:.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
céu a terracota
há um sorriso em cada ameixa
Presente, azedume, antecede